O que é o método Stanislavski?
Constantin Stanislavski foi um ator, diretor e escritor russo que viveu entre 1863 e 1938 em Moscou e um dos fundadores do Teatro de Artes de Moscou. Buscava uma interpretação cada vez mais real, na contramão do que se via pelos palcos mundo afora: atores falando, gesticulando e se movendo de forma muito marcada e artificial. Stanislavski queria que o público acreditasse no que estava vendo, e que os atores pudessem, de fato, se transformar naquele personagem.
Durante uma vida de estudos e trabalho, Stanislavski desenvolveu o que ficou conhecido como o “método”, uma série de práticas que ajudavam o ator a extrair o máximo de realismo na interpretação do personagem e que pudesse fazer isso de forma autônoma, traçando seu próprio caminho de desenvolvimento.
Abaixo, separamos alguns dos pontos mais importantes do “método”, mas quem quiser se aprofundar mais sobre o assunto pode ler seus principais livros de Constantin, tidos como uma verdadeira bíblia da interpretação: A Preparação do Ator, A Construção da Personagem, A Criação de um Papel.
Ação
Stanislávski acreditava que a ação leva a uma emoção, ou seja, a partir da experiência física é gerado um sentimento, e não o oposto. Por isso seu método incluía diversas práticas físicas que pudessem ajudar o ator a despertar a emoção do personagem, como técnicas de relaxamento físicas e vocais.
Alguns atores levam a premissa bastante a sério, de formas até perigosas. Um dos casos mais famosos é o do ator Jack Nicholson, que realizou sessões de eletrochoque de verdade para seu papel em “Um estranho no ninho”. Em 1990, Daniel Day-Lewis ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua atuação em ‘Meu Pé Esquerdo’’, onde quebrou duas costelas para poder viver um personagem paralítico. Além disso, para gravar “Último dos Moicanos”, o ator resolveu viver isolado por seis meses no meio da natureza.
Propósito
Outro ponto importante no método é dar propósito e toda e qualquer ação ou sentimento do personagem. Isso ajuda a manter o ator e diretor no foco e não cair em clichês e ações desnecessárias para o desenvolvimento da cena. Muitas vezes, são colocados movimentos e ações para o ator que não dizem nada sobre a cena ou sobre a evolução do personagem, como se fosse somente para “preencher um buraco” na cena.
Para auxiliar nesse caminho, pode-se fazer uso da técnica do “o que – por que – como”. Por exemplo, se o personagem colocou o copo de água que estava em suas mãos sobre a mesa:
- O que: colocou um copo de água na mesa
- Por que: para atender à porta
- Como: abruptamente, respingando água sobre a móvel, pois estava esperando aquela visita há tempos
Circunstâncias
Na visão de Stanislávski, as circunstâncias externas (a disposição material à sua volta) e internas do personagem ajudam a criar um estado de espírito e manter o ator focado naquele universo. Para acessar o inconsciente do personagem e despertar emoções, o ator deve fazer uso da imaginação que, na palavras do russo, “a arte é produto da imaginação”.
Sendo assim, Constantin criou o “se mágico”, onde o ator pode fazer diversas perguntas para imaginar como o personagem reagiria em cada situação.