Hoje queríamos fazer um artigo diferente. Ao invés de te dar alguns dados ou informações, vamos te lançar um desafio. Assista uma hora de TV aberta, pode escolher qualquer canal e qualquer horário. Depois uma hora de TV fechada. Depois uma hora de YouTube. E mais uma hora em um cineminha. Queríamos que nesse tempo vocês contassem quantos negros, trans e pessoas com deficiência são representadas nessas telas.
Não precisamos nem esperar vocês voltarem da experiência para saber o resultado. Certamente sua contagem caberá nos dedos de uma mão.
Agora conte também quantos personagens não se enquadram nesse perfil. Sabemos bem que em menos de meia-hora você já terá perdido a conta.
A baixa representatividade das minorias no audiovisual não é um problema recente. Muito pelo contrário. Na verdade, acompanhamos (ainda bem!) nos últimos anos uma certa mudança nesse cenário, motivada pelo esforço de movimentos sociais e também pela maior democratização do acesso às plataformas audiovisuais, como o YouTube, que dá mais voz e mais representatividade a essas parcelas tradicionalmente excluídas desse espaço. Mas tudo que já conquistamos ainda é muito pouco.
Contudo outro ponto que nos assusta também e que não poderíamos deixar de falar nesse artigo não é só a baixa representatividade das minorias em frente às câmeras, mas principalmente atrás delas. Temos poucos negros, poucos trans, poucas pessoas com algum tipo de deficiência e até poucas mulheres como roteiristas, diretores, cinegrafistas, editores, operadores de áudio.
Sabemos bem o que causa essa disparidade. Em partes a elitização da área com cursos e exigências cada vez mais caras e inacessíveis e em outra parte, infelizmente, a visível falta de interesse que empresas audiovisuais demonstram em contratá-los.
Sabemos o que causa, mas infelizmente, entendemos pouco de como chegar a uma solução. Acreditamos que os esforços de movimentos sociais e a democratização das plataformas de exibição também sejam um caminho nesse caso, mas o resultado ainda é insuficiente.
Gostaríamos de terminar esse artigo falando de mais possibilidades de mudanças e, principalmente, que nós, enquanto produtora de conteúdo audiovisual, sabemos o que fazer para mudar esse cenário. Mas infelizmente esse ainda não é o caso. Então convidamos vocês ao debate. Caso saibam, gostaríamos de ouvi-los.