Como a iluminação pode mudar o significado de uma cena


Há muito trabalho por trás de qualquer produção audiovisual, seja um filme, vídeo para a internet, documentário ou qualquer outro formato. São tantos detalhes para pensar, como num grande quebra-cabeça onde é preciso combinar as peças de tal forma para atingir o resultado esperado.

Uma dessas peças que é de extrema importância, e muitas vezes os profissionais podem não dar a devida atenção, é a iluminação. Luz é a alma da coisa quando se fala de vídeos e fotos. É ela quem dá o tom, cria o clima, destaca e esconde o que for mais interessante para a cena, guia o espectador pelo caminho desejado.

Ao mesmo tempo, a luz “errada” pode mudar completamente o significado de uma cena. Por mais brilhante que seja a história e o roteiro, a direção, a fotografia e os atores, se a iluminação não estiver condizente com o sentimento que a cena precisa transmitir ao espectador, está tudo arruinado.

No remake de “Ghost in the Shell” (O Fantasma do Futuro, 2017) podemos fazer alguns comparativos com a versão original do anime (1995) e perceber como a iluminação escolhida em uma determinada cena teve resultados diferentes.

A imagem da esquerda é do anime original feito em 1995. Observamos a personagem sentada numa cama em frente à janela, com a cidade de fundo. Perceba que a única fonte de luz vem da janela, criando uma silhueta da personagem, colocando-a em destaque. É como se ela fosse uma representação física da cidade em si, o que colabora para criar a atmosfera pretendida da história.

Já a segunda imagem é do remake lançado em 2017. A fonte de luz na cena vem da cama de LED, que ilumina a personagem de baixo para cima. Veja como mal dá para perceber a cidade ao fundo, ela quase não se destaca em relação às paredes do quarto que emolduram a janela. A cidade, nesse caso, é uma mera coadjuvante, e pela história original percebemos o quanto a forma como os personagens se relacionam com ela é importante para o desenvolvimento do roteiro.

Comparando as duas cenas, sem dúvida a primeira transmite mais emoção, uma certa dramaticidade onde é possível fazer diversas metáforas da história. A primeira deixa a personagem em foco de uma maneira triste, sombria até, e traz destaque também para a cidade atrás dela, justamente por ser esse contraste entre a luz que vem de fora e a sombra dentro do quarto que cria a silhueta.

A cena do remake não tem nada disso. O que atrai os nossos olhos é a cama, que não acrescenta nada de importante para o contexto. Vemos um pouco da personagem, um pouco da cidade e um pouco do quarto. Nada que contribua para a história.

O que você acha dessas duas cenas? Quais sentimentos cada uma causou em você?

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